Empresas que invisto no Brasil: Ambev e um pouco sobre o estoicismo.

Olá amigos, ontem comecei a ler esse livro aí abaixo que o Mr. Money Mustache recomendou e ele vem sendo muito bem recomendado na blogosfera mundial. Eu já tinha lido sobre o Estoicismo bem por cima, gosto do Sêneca, de duas frases e de um livro que li dele (não me lembro o nome).
Pra ser sincero sempre gostei de filosofia e já li mais de 30 livros somente de Filosofia. É uma área muito interessante e muito pouco lido e compreendida aqui no Brasil. Eu sempre gostei dos clássicos, li Platão, Aristóteles, Kant, Karl Popper, Hegel, Nietszche, Schopenhauer, entre outros, e ainda Carl Sagan, Richard Dawkins só para citar os mais recentes.
Bem, até agora pelo que vi o estoicismo pode ser uma boa escola e uma excelente filosofia de vida para quem busca tranquilidade, no nosso caso, investidores de longo prazo. O estoicismo basicamente foi fundado por Zeno, na Grécia pegando elementos de outras escolas de Filosofia, como por exemplo a cínica. Um dos mandamentos da filosofia estóica é não se preocupar com coisas que você não pode controlar (um furacão, o PT, a taxa de homicídio por ano no Brasil, o final de semana de sol ou chuva) dentre muitas outras coisas.
Eu não sou muito religioso e nunca fui, apesar de ter tentado, mas sinceramente não rolou. Já li livros de várias religiões e sim a Bíblia também. Gostei bastante do Budismo (não o Zen budismo e sim o budismo filosófico). Hoje em dia não acredito em nenhum tipo de deus, deuses, coisas sobrenaturais, espíritos, vidas passadas, reencarnação, karma, anões, fadas, elfos e etc.
Hoje posso dizer tranquilamente que sou ateu (apesar da palavra causar arrepior em muita gente) mas ser ateu pra mim é apenas não acreditar em nenhuma entidade sobrenatural que possa ter criado o Universo e nos controlar de alguma forma. Prefiro ler sobre Filosofia, Ética, Moral, História, Finanças, Astronomia, Economia, Física, Biologia Avançada, Radioastronomia e Genética. Me sinto bem com isso.
Faço minha parte no mundo, pago meus impostos, trabalho, contribuo com a sociedade, estudo, ensino, guio outros profissionais, sustento meus pais, leio muito, não tenho preconceitos, trato a todos com respeito (principalmente quem ganha muito pouco) – tenho um respeito enorme por bombeiros, PMs, professores, profissionais de saúde (principalmente os do SUS) e por quem eu acho que faz uma boa diferença no mundo mesmo sem ter o devido respeito e reconhecimento. Quando eu terminar esse livro faça aqui uma revisão dele.
Vamos falar de Ambev.
A Ambev é uma das maiores empresas do Brasil. Cervejaria que começou com a Brahma e depois cresceu muito com a gestão de JP Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles (Você pode ler a história da ambev no livro – Sonho Grande – autora: Malu Gaspar) esse livro é sensacional (baixe de graça no site lelivros.com no link de biografias) – depois se quiser ajudar a autora compre um em paperback e dê de presente para alguém (isso se chama GIVING BACK
A ÚNICA COISA que não gosto da Ambev é o fato dela não ser do Novo Mercado (segmento de listagem da bovespa) e de ter Tag Along de 80%. O resto é até fácil de falar aqui.
A Ambev sozinha é 8% do Ibovespa. Pode ser considerada uma empresa de dividendos pois distribui mais de 64% dos lucros para os sócios, cresce todo ano em receita, patrimonio, lucro e caixa e dívida basicamente não existe, é zero mesmo (eles tem muito mais dinheiro em caixa do que dívida).
Um dos maiores problemas da ambev é o que fazer com tanto dinheiro, de verdade. É uma empresa que invisto sem medo. É uma empresa que sempre teve múltiplos “esticados” como a sardinhada fala nos fóruns malucos da bolsa por aí – tem gente esperando o preço baixar até hoje, e nada, ÓBVIO! Hoje em dia a Ambev tem múltiplos muito parecidos com a da sua dona (a belga interbrew international) controladora da AB inbev (a maior do mundo) – ou seja – você vai ser sócio dos maiores cervejeiros oligo-monopolistas das principais marcas mundiais, um negócio altamente lucrativo e que funciona 24h por dia no mundo todo.
Leia a primeira página do Release anual de 2015 e fique chocado (lembre-se o Brasil está na pior crise dos últimos 25 anos):
RELEASE 4T2015
Receita Líquida (ROL): Nossa receita líquida cresceu 10,4% no trimestre, impulsionada por crescimentos no Brasil (+7,0%), CAC (+10,0%), LAS (+24,7%) e no Canadá (+4,0%). Nosso volume caiu 3,3%, enquanto a receita líquida por hectolitro (ROL/hl) cresceu sólidos 14,1%. Em 2015, nossa receita líquida cresceu 12,0%, explicada por crescimento em todas as nossas operações: (i) no Brasil aumentou 8,0%, com a queda do volume de 2,7%, impactado principalmente pela difícil base de comparação da Copa do Mundo FIFA 2014 e por um cenário macroeconômico desafiador, mais do que compensada por um sólido crescimento da receita líquida por hectolitro (ROL/hl) de 10,9%; (ii) na CAC a receita líquida aumentou 17,7%, à medida que continuamos a crescer nossa operação na República Dominicana e expandimos nossa presença na região; (iii) na LAS a receita líquida aumentou 29,7%, devido a uma forte performance de ROL/hl compensando a queda de um dígito baixo do volume na Argentina, além de um sólido desempenho no Paraguai, Chile e Uruguai; e (iv) no Canadá a receita líquida aumentou 4,0%, uma vez que aceleramos nosso crescimento com um bom equilíbrio entre volume (+1,7%) e ROL/hl (+2,2%). No consolidado, o volume caiu 1,6% enquanto a ROL/hl cresceu 13,8% no ano.
Custo dos produtos vendidos (CPV): Nosso CPV aumentou 11,7% enquanto, em uma base por hectolitro, o crescimento foi de 15,5%. No ano, o CPV aumentou 13,2%, enquanto o CPV/hl cresceu 15,0% impulsionado, principalmente, por (i) pressões inflacionárias na Argentina, (ii) desvalorização do câmbio e (iii) mix de produto; parcialmente compensados pelo benefício de iniciativas de economia em suprimentos, por ganhos de produtividade e por hedges de moeda. Despesas com vendas, gerais e administrativas (SG&A): O SG&A (excluindo depreciação e amortização) aumentou 15,7% no trimestre e 11,8% em 2015, uma vez que (i) maior inflação geral, (ii) maiores custos de distribuição em função do maior peso de distribuição direta no Brasil e (iii) aumento dos investimentos em vendas e marketing foram parcialmente compensados por ganhos de eficiência no Brasil e na CAC.
EBITDA, Margem Bruta e Margem EBITDA: O EBITDA ajustado atingiu R$ 8.021 milhões (+7,0%) no 4T15, com uma compressão da margem bruta e da margem EBITDA de 40 pontos-base e 170 pontos-base, respectivamente. No ano, nosso EBITDA ajustado chegou a R$ 22.210 milhões (+12,4%), com contração da margem bruta de 30 pontos-base e uma expansão da margem EBITDA de 20 pontos-base, impulsionada por Brasil (+140 pontos-base) e CAC (+220 pontos-base), parcialmente compensados por LAS (-170 pontos-base) e Canadá (-230 pontos-base).
Lucro líquido ajustado e LPA: Nosso lucro líquido ajustado no trimestre foi de R$ 4.349 milhões (-7,9%), uma vez que o crescimento de EBITDA foi compensado por (i) despesas financeiras impulsionadas, principalmente, por uma maior despesa sem efeito caixa referente ao nosso investimento na República Dominicana e um maior custo de carrego de nossos hedges; e (ii) uma alíquota efetiva de impostos mais alta impulsionada, principalmente, por maiores provisões de impostos, relacionadas às nossas operações internacionais, e uma menor provisão de juros sobre capital o próprio no trimestre, sem impacto em nosso benefício de caixa. No ano, o lucro líquido ajustado cresceu 6,3%, totalizando R$ 13.236 milhões.
O lucro por ação (LPA) ajustado foi de R$ 0,27 no 4T15 e de R$ 0,81 no ano. Fluxo de caixa operacional e CAPEX: Enquanto o lucro líquido caiu no trimestre, nosso fluxo de caixa operacional aumentou 25% chegando a R$ 10.988 milhões, explicado por um crescimento nominal do EBITDA (+18%), algumas despesas de juros sem efeito caixa, pagamento de impostos semelhante ao mesmo período do ano anterior e mais um trimestre de melhora na gestão do capital de giro. No ano, geramos R$ 23.581 milhões (+48%) de fluxo de caixa operacional, como resultado do crescimento do EBITDA (22% em Reais) e uma melhora significativa do capital de giro durante os quatro trimestres de 2015.
Os investimentos em CAPEX atingiram R$ 5.261 milhões, com investimento estável no Brasil em relação ao mesmo período do ano anterior (R$ 3,1 bilhões), em linha com a nossa projeção.
Pay-out e disciplina financeira: Durante 2015, retornamos aos nossos acionistas cerca de R$ 12,1 bilhões em dividendos, juros sobre o capital próprio e recompra de ações. Em 31 de dezembro de 2015, nossa posição líquida de caixa era de R$ 10.233 milhões. Este valor não inclui o pagamento de JCP de R$ 0,13 por ação (aproximadamente R$ 2,0 bilhões) anunciado em 15 de janeiro de 2016, e que será pago a partir de 29 de fevereiro de 2016.
Basicamente isso, vou resumir a empresa desde 2001 até agora:
Patrimônio líquido saiu de 3.36 bilhões para 50.3 bilhões.
Receita líquida saiu de 6.5 bilhões para 46.7 bilhões.
Lucro Líquido saiu de 785 milhões para 12.9 bilhões.
Margem e ROE ambas em torno de 25%.
O caixa da empresa sair de 2.4 bilhões para 13.8 bilhões.
Não tem mais dívidas!!
 O P/L sempre foi maior do que 20 e já chegou até 27 (hoje está em 22) – atenção aqui!! Ambev está “mais barata” do que sempre esteve! E os fundamentos cada dia melhores, isso é o que o Buffet chamava de “promoção”.
Lembre-se que a Ambev é dona da Buddweiser e outras marcas nos EUA, América Latina e Caribe, e tem receitas em dóllar também.
O release dela é bem enxuto e “sêco” não tem frescura de gráficos coloridos e muita enrrolação não, você pode conferir ele aqui:
http://ri.ambev.com.br/download_arquivos.asp?id_arquivo=3F37AB31-68A5-4DF6-9705-83E8BE3882FA        Release anual 2015 ambev
A Ambev mostra-se uma boa opção para o investidor conservador e que quer carregar a ação no longo prazo (ela é uma das minhas preferidas) pois seu patrimônio estará investido em cerveja e refrigerantes que vendem todo dia e toda hora no mundo todo e a empresa é bem administrada. Páre!!!!!!!!!! de olhar para o PL e o DY como métrica de escolher empresas para investir.
O DY é horrível para se comprar empresas (o da Ambev  é 2.9% anual), se você quiser saber se a empresa paga muitos dividendos procure pelo payout dela (aqui é quase 70% do lucro já, e subindo sempre) . PL vou lhes dizer que onde perdi mais dinheiro foi tentando investir em empresas olhando pro PL, é apenas uma ilusão, PL baixo pode dizer que a empresa é de fato RUIM SIM, e que VAI PIORAR. Então saia da manada de olhar PL, porque se fosse assim seria muito fácil comprar ações e correr pro abraço e pra riqueza.
O governo tenta fuder com a Ambev entupindo ela de impostos, mas ela é bem resiliente, o consumidor aceita pagar mais pra beber cerveja.
Esse é o livro que estou lendo de estoicismo, depois falo mais nele.
Grande abraço,
Frugal.


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